Sunday, May 3, 2009

Veruska

Veruska olha o relógio, arranca mais uma folha do calendário countdown grudado na parede e não percebe que o tempo passou. Começa a se perguntar se já não é o momento de voltar para casa.
Nove anos se passaram e ela ainda não teve um filho. Nunca soube que era estéril. A lembrança do ex-marido ainda é presente e a tortura. O passado doloroso que Veruska faz questão de esquecer mas não consegue.

Toma mais um gole de chá. Derrama no caderno. Borra algumas palavras.
Diz que não tem tempo para nada. Nem para ela. Imagina se pudesse ter filhos... E os noves anos se passaram.
Se admira ao perceber que é a última em tudoç a última a dormir, a chegar do trabalho, ao lavantar-se da mesa após o jantar, a adquirir a confiança en sair desbravando o desconhecido.

Veruska vive hoje de resignação. Impregnada pelo seu corpo.. Almejando coisas boas aos filhos que ainda não tem.
Contemplando.
Fecha o olho, se reencosta no travesseiro. Esta confortável mas ainda não quer dormir.
Não se sente bem. Está pálida, cansada, com sono, com dor nas costas, retraída, com medo e preguiça.

Fecha os olhos novamente. Não reflete sobre o tempo perdido e o medo constante. Está preocupada demais para pensar nisso.
Os olhos não se abrem mais. Dorme com a luz do abajur acessa. Vai acordar só no dia seguinte. Às três da tarde.

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