Tuesday, May 19, 2009

Vibração

Rita estava inspirada aquele dia.
Estava de folga e louca para gritar na rua. Como ama Maurício.
Ele está longe.

Naquele dia ela sacou o vibrador que já estava guardado há muito tempo no fundinho da gaveta. Pra ninguém poder encontar.
Checou se as pilhas estavam funcionando. Potentes o suficiente. Abriu o compartimento traseiro de seu aparelho de trazer emoções e apertou on ON... Tudo certo, funcionando ok, deu uma batidinha e o negócio começou a girar e vibrar. Era tudo o que ela queria naquele momento!
Tinha acabado de tomar banho. Tirou o roupão, colocou-o no guarda-roupa, ajeitou a cama bem bonitinha e deitou-se.

Pensou em Maurício desde o começo.
Gozou em poucos instantes.
”Que poder quatro pilhas AA tem! ”. Ela pensou rapidamente!
Mas pensou em Maurício também!
Cada parte de seu corpo sendo tocada, acariciada e sentindo a língua de Maurício seguindo o caminho. De cima a baixo...

Colocou Ana Carolina no volume mais alto. Os companheiros de apartamento não estavam mais lá. Saíram para trabalhar. Pensou nos amores lésbicos que nunca existiram.
Ela está feliz!
Feliz por estar reencontrando as suas raízes com os amigos e amores primatas.
Revendo e revelando a sua concha. Escondida entre o edredom e por trás do óculos que escondem a cara de cansaço.

Pensa em ir ao cinema hoje.

Thursday, May 7, 2009

Ações

Como ração de cachorro.
A minha ração não tem gosto de nada.
Tem gosto de desgosto.
A moto no meio do caminho, no meu caminho.. bem na entrada dos meus pensamentos...
Eu escrevo e choro.

Choro o momento de incapacidade e letargia. E medo.
Continuo comendo a ração e ainda não sinto o gosto. Só o desgosto. Não vou fazer nada. Vou lá, na sacola, sacar mais uma caneca da comida que está lá, estocada há meses, quem sabe já não esteja vencida.

Não tenho medo das palavras. São as ações que me incodam e condenam. Ou pior, a falta dela.
O sol não brilha mais. Foi tudo apenas um flerte do sorriso do Sol. Se foi e não promete mais voltar.
Seguir a três não é possível. Ou sigo com você, ou não sei, porque sozinha eu não tenho forças.

Não me lembro do nosso primeiro beijo, e me envergonho disso. Puramente. Você realmente se lembra?
As minhas eternas desculpas e você mais uma vez saindo por cima da carne seca.
Por que faz isso? Comigo...
Carrego a eterna cruz dos erros adolescentes deixados no passado?
Eu me tornei diferente assim como você.

Você.......
Como sempre, seguro de si.
O momento vai se encarregar de que mais uma vez os nossos caminhos sejam desviados.

Eu recebo as mensagens no celular e não tenho mais força de respondê-las. Antes eram as ligações, que hoje eu atendo. A situação se inverte.

Quero gritar, explodir, dar um tiro na sua cabeça. Te estrangular.
Faço tudo por ti. Os seus relatórios, os memorandos e as reuniões às segundas-feiras no período da tarde. E você não vê isso. Por quê? Porque está muito ocupado..........

Nada faz sentido e não quero que faça.

Elas fofocam.
Eu já até perdi a fome.
Eu sinto raiva.
Descobri – através de uma mensagem de texto – que está grávida.
E a noite, você prometeria que iria me ligar.

Tudo e todos... Os gritos, os choros. O cansaço. O sentimento isolado e retraído.
Até quando?

Vou dormir.
O dia já acabou.
Mais uma derrota.
A caminhada é longa. Penosa.
Os pés dóem e o corpo coça. Inteiro.

Tuesday, May 5, 2009

Desabafo

Querida amiga.
Essa mensagem é exclusivamente para você. Porque eu tenho de ser sociável e gostar de pagode?
Eu respeito o seu gosto, mas não me cobre de uma coisa que eu não posso ser ou prover.
Não precisa ler as minhas palavras. Elas são só um desabafo.
Eu sou depressiva. E daí? O que quer que eu faça?
Eu não vou tentar resolver os problemas do mundo se nem os meus próprios eu não sei resolver.

Por favor, não me cobre algo que não posso retribuir.
Me fale mais de você. Não me faça participar de interrogatórios.
Não force a minha barra, eu te peço. Me deixe a vontade.

Eu te deixo.

De coração meu amor, me deixe respirar e não me cobre informações e reciprocidade que eu não posso dar.
Você diz que gosta de mim, eu também gosto de você, mas não sou nada assim “de tão especial”.
Eu não sou - e ao mesmo tempo que você me diz isso - acaba também jogando palavras ao ar e diz que o problema é meu e trata do assunto com um certo ar de agressividade.

Não sei o que você relata de mim a nossa companheira e como você me pinta para ela. Também não me estresso por isso.
Só lhe peço, não me pressione, eu odeio isso.
E se minha amizade não é suficientemente prazeirosa e boa, tenha certeza de que não vou me chatear se você se afastar.

Me desculpe.
Essa sou eu...
Esquisita. (mas tentando ficar bem)
Sozinha.
Comigo mesmo.
Mas não me sufoque.

Por que eu tenho que colocar a minha vida pessoal num outdoor?

Monday, May 4, 2009

São Paulo

Saudades de uma cidade em que nunca vivi. Uma saudade que sem saber, teve início aos dezesseis anos de idade.
Nostalgia de momentos. Reflexões.
Lágrimas angustiadas ao ter de voltar ao meu mundo real. Um crime.

As fotos no Carandiru, as andanças pelo Mercadão. A Sé, o Banespinha e muito mais.
A estação Vergueiro. O pastel, um copo de garapa. Meu almoço.

Ai que felicidade!!! E eu sabia que era feliz. Eu tinha certeza disso, mas por fruto de imaturidade, nunca desbravei as maravilhas da Terra da Garoa.
As paradas gays que não fui, cada lugar novo que conhecia e que me apertavam o coração, porque sabia que não pertenceria à tudo aquilo. Naquele momento. Não naquele instante.
Resolvi voar. Vôos mais altos. Bem longe de São Paulo.

Como diz a música: “Alguma coisa contece no meu coração...” e acontece mesmo. É inexplicável o sentimento.

Na época do colégio, uma cartinha. Recebida por um amor adolescente..
Na carta, a letra da música, Sampa, até hoje, guardada entre as frases loucas do caderninho azul. Intacto.
Acho que nem ele lembra-se mais que me deu.
O cachorro de pelúcia está aqui comigo. Na minha cama. Me fazendo companhia.

Pertenço a São Paulo. Mas você nunc accreditou em mim. E depois numa louca fúria de traição aos meus pensamentos, você se foi. Mas eu não estava com você.

As ruas, a vida frenética e sem respiração. A poluição. Os tantos amores que lá deixei.
Hoje estou cercada de amigos. Aqui e lá. Pessoas que estão no meu coração.

Ainda vou me curar desta doença. Essa angústia no meu peito farto e grande, toda vez que me deparo com fotos, vídeos, cenas, pessoas que por lá estão de passagem.
“Por favor... – a todos digo – mande um beijo a São Paulo por mim!” A mamãe sabe disso!
Volto. De vez. Em breve. Para São Paulo.

Sunday, May 3, 2009

Veruska

Veruska olha o relógio, arranca mais uma folha do calendário countdown grudado na parede e não percebe que o tempo passou. Começa a se perguntar se já não é o momento de voltar para casa.
Nove anos se passaram e ela ainda não teve um filho. Nunca soube que era estéril. A lembrança do ex-marido ainda é presente e a tortura. O passado doloroso que Veruska faz questão de esquecer mas não consegue.

Toma mais um gole de chá. Derrama no caderno. Borra algumas palavras.
Diz que não tem tempo para nada. Nem para ela. Imagina se pudesse ter filhos... E os noves anos se passaram.
Se admira ao perceber que é a última em tudoç a última a dormir, a chegar do trabalho, ao lavantar-se da mesa após o jantar, a adquirir a confiança en sair desbravando o desconhecido.

Veruska vive hoje de resignação. Impregnada pelo seu corpo.. Almejando coisas boas aos filhos que ainda não tem.
Contemplando.
Fecha o olho, se reencosta no travesseiro. Esta confortável mas ainda não quer dormir.
Não se sente bem. Está pálida, cansada, com sono, com dor nas costas, retraída, com medo e preguiça.

Fecha os olhos novamente. Não reflete sobre o tempo perdido e o medo constante. Está preocupada demais para pensar nisso.
Os olhos não se abrem mais. Dorme com a luz do abajur acessa. Vai acordar só no dia seguinte. Às três da tarde.

Saturday, May 2, 2009

Top Geaaaaaarrr!!!

Eu vou! Eu vou! Eu vou!!!
Já enviei minha solicitação!!!
Aaaaaaaaaaaaaaaaaaa

:)

Pão de Queijo

Cara... comi pão de queijo até falar chega!!!
Uns dez para ser sincera!!!
Com maionese caseiro, que todas as vezes que faço, lembro-me de minha mãe. A maionese que só ela sabe fazer!!! Maravilhosamente!!!
Exagero no sal. Como sempre... Como em tudo...
As costas doem. E muito. Resolvi puxar as caixas. Eu mesma. Sozinha. Sem ajuda. Burra.
O projeto de uma nova casa e nova vida começa ser arquitetado. Ele existe.
O medo de dizer não a quem contribui para a minha depressão.
O início de uma nova página. Um novo livro.
A indicação ao amigo amado. Uma patada certeira. A tentativa.
A respiração ofegante. A teimosia em não tentar ser feliz. O medo. Do devir.
A falta de tempo. Ele existe? Somos nós que fazemos.
Ai, ai, ai... como eu comi pão de queijo! Incrível!!! Estou cheia! Ehehehe
Amanhã começo a caminhar, para uma nova vida. Perder uns quilos para entrar no vestido de formatura.
A letra pela primeira vez é pequena. Depois de três anos.
Essa é a última página. Última linha, espremida no fim do caderno.
Até o próximo!