Monday, April 20, 2009

Fernando

Essa é a estória de Lisbela e Florinda!
Ah.. me esqueci.. espera aí... volta a fita... tem o Fernando...
Ah.. é.. ih.. o Fernando... anyway, vamos lá. Começar!!!

Lisbela e Florinda se conheceram na segunda série... Foi como amor a primeira vista!
Uma defendia a outra, dividia o lanche e até dava porrada na molecada!
Lisbela foi fazer basquete e Florinda entrou no balé. É.. meio sem jeito, mas entrou...
Viveram muitos momentos juntas. A primeira baladinha, o primeiro cinema, o primeiro beijo.

Comunicavam-se ao telefone através dos mais intrigantes códigos e a mãe que passava do lado pra conferir se não falava de nenhuma peripécia sexual, não entendia bulhufas.
O papo podia virar até duas horas.
O pai xingava. Perguntava se estavam comprando fazenda ou investindo em gado... nada disso. Filosofavam essa vã vida aos 11 anos de idade.

Florinda sempre foi garota mimada. Não brincava de nada.
Aos 13 anos de idade, Lisbela precisou mexer a bunda e começar a trabalhar, pra juntar uns trocados para a faculdade. Que nunca iria cursar...

A mudança de escola. Os diferentes coleguinhas. A conversa no telefone ficou seca. O distanciamento.

A puberdade chega. E com ela os descobrimentos. E as intrigas. E as diferenças.
Lisbela conheceu um garoto pelo qual se apaixonou.
Florinda conheceu vários... E se apaixounou por todos eles! E foi pra cama com TODOS eles!!!

Até que um dia Florinda teve a bela e sarcástica surpresa! Um bebê de verdade estaria por vir...
Um mês, dois, três. E o bebê que era um virou dois.

Os gêmeos nasceram na Rússsia. Lugar escolhido por Florinda. Sempre sonhou em ter bebês russos. As bonecas agoram eram de verdade.
Julio e Mateus. Estes eram os nomes.
Ah,... já ia me esquecendo .... do Fernando...

Parte integrante e importante desta estória.
Fernando era rapaz de família pobre, que se sobresaiu no mundinho racista e preconceituoso daquela elite de cidade pequena. Ficou rico como arquiteto, mas tinha pensamento pobre.
Não foi pra Rússia. Não apoiou as idéaias loucas e desvairadas de Florinda. Fez ela comer o pão que o diabo amassou. (Ainda faz, mas ela não conta, nunca vai dizer nada e talvez só uma arma na cabeça dela pra admitir).
Lisbela morava na Thailandia quando descobriu a gravidez de Florinda. Preocupada, pegou não o primeiro, mas o segundo vôo e depois de 10 intemináveis horas pode presenciar o nascimento dos pequenos rebentos.

Deu comida, pão, água, e leite. E os ninavam todas as noites, incessantemente. Sem reclamar, com o afeto de mãe. Que nunca fora, mas que sempre sonhou.

Fernando ao saber da união de Lisbela e Florinda foi ao encontro da pobre esposa. Acusou Lisbela de estar roubando a sua esposa. Conquistando os filhos para conquistar o coração de Florinda. Para Fernando isso era (e ainda é) impossível de aceitar e admitir.

Não teve chance. Ao se depararem em uma festa, ambos bêbados, Fernando vociferou palavras esdrúxulas e vazias a Lisbela. Ela não se conteve, e com o álcool nas veias e na cabeça, a moça distinta disse uma pá de boas verdades ao carrancudo arquiteto, mesquinho e bem-sucedido.

Não teve jeito, o orgulho ferido era maior. O tiro foi certeiro. Na cabeça. Morte cerebral.
O enterro de Lisbela foi ontem.

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