Foi lá da janela mesmo.
Estava cansada.
Teve uma semana muito estressante.
Sacou o vibra e “pimba”! E este foi bem na gorduchinha mesmo, pois Vespúcia pesava 180kg.
Lá de fora, os caras jogavam pedrinhas na janela dela. Só pra provocar. Ainda mais.
Ela deixa o incenso queimando, e com isso, também queima as suas vontades mais reprimidas. Com tanta gordura pelo corpo, o rosto cheio de espinhas (mesmo já beirando os quarenta...), ela se sente incapaz de atrair o sexo oposto.
Seus únicos amantes são a geladeira, o vibrador e o chocolate. O antes, o durante e o depois.
Fica ali, quietinha, em silêncio. Não quer que os vizinhos a ouçam, já que quando caminha, as patas de elefante fazem aquele imenso barulho pela casa de dois andares, dividida com mais três famílias.
Fica ali, sentada. Se masturba com o vibrador, que desaparece, no meio de tanta pelanca e aquela massa de gordura.
Se esquece. Do mundo real, já que aquele eh o único momento que tem pra si. Já que é só.
Em poucos minutos, uma mistura de sensações e sentimentos vem a tona. Mexe a cabeça. Levemente. Em um balanço leve e tranquilo. De um lado para o outro. As borboletas passam pelo estômago gordo e sobem até o pescoço, dando aquela sensação de coceirinha gostosa que sobe um pouquinho mais e a fazem viajar. Por dimensões que só ela conhece e gosta de explorar. Do jeito dela. Descobre mundos e cores psicodélicos, doces, irradiantes, excitantes, gostosos, íntimos, cheio de luz, de alegria, e um pouco daquela perversão. Mas contida, tímida.
Não conta pra ninguém. Viaja sozinha. E assim estará.
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